segunda-feira, 9 de abril de 2012

MÃE SOBERANA

MÃE SOBERANA


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Esta Festa realizasse em Loulé, a festa Grande com a descida da Nº.Sra. da Piedade = Mãe Soberana do Monte  da sua Ermida para a capela no centro da cidade, acontece no Domingo de Páscoa e a Festa Pequena quinze dias depois em que a Nº.Sra. regressa à sua Ermida...




Segundo as Visitações da Ordem Militar de Santiago de 1565, a Ermida de Nossa Senhora da Piedade de Loulé, fora edificada em 1553. O local escolhido foi nas imediações do centro urbano, no alto de um cerro, junto a um importante eixo viário que desde a época romana faz a ligação São Brás – Loulé – Boliqueime.
Nos finais do século XVI, o padroado deste templo passou para a Câmara de Loulé e como tal a edilidade assumiu a apresentação do ermitão e a organização da festa principal, então realizada na segunda-feira depois das oitavas da Páscoa.
O primitivo retábulo da capela-mor, já referenciado em 1565, manteve-se ao culto até princípios do século XVIII. Em 1716, o Juiz de Fora de Loulé, o Dr. Filipe Peixoto de Moura, como Reitor da Confraria de Nossa Senhora da Piedade, ajustou a feitura de um novo retábulo em talha com um dos mais relevantes entalhadores algarvios, o mestre farense Gaspar Martins. Esse interessante exemplar dobarroco nacional foi vitimado pelo terramoto de 1755, que destruiu parte da ermida nomeadamente a capela-mor.
Na reconstrução efectuada nos anos imediatos, a ousia passou para poente e a fachada principal para nascente. Na nova capela-mor foi construído o actual retábulo de talha e no tecto uma pintura de perspectiva arquitectónica. Foram ainda executados pelo mesmo artista mais duas pinturas do mesmo género, uma no tecto da sacristia e outra na nave, sobrevivendo somente a última.
A derradeira campanha de obras ocorreu nos finais do século XIX, tendo-se reformulado a fachada principal e promovido a pintura de painéis figurativos nas paredes laterais.
A festa a Nossa Senhora da Piedade foi mantendo uma grande popularidade e, nos meados do século XX, inicia-se a construção de um novo templo, de enormes dimensões, junto à ermida.
Hoje, as festividades à Virgem, localmente designada por Mãe Soberana, afirmam-se no contexto algarvio como a mais expressiva e concorrida manifestação religiosa, deslocando-se a Loulé nesse dia milhares de fiéis.
O actual retábulo principal foi construído em 1760 podendo-se atribuir a concepção e a feitura ao entalhador louletano João da Costa Amado. O douramento efectuou-se em 1764, provavelmente pelo mestre pintor e dourador Diogo de Sousa e Sarre, que nesse mesmo ano estofou a imagem da padroeira.
João da Costa Amado, filho de um grande mestre entalhador farense que se fixara em Loulé em 1720 – João Amado, executou em 1768 as cimalhas ou cornijas em talha da capela-mor.
O actual retábulo adopta o formulário rococó e insere-se na tipologia mais vulgar na região algarvia e que utiliza planta plana ou recta, corpo único com três tramos e ático. Como especificidade refere-se o facto de possuir um só par de pilastras e de a talha das ilhargas não ter entablamento e se prolongar pelo ático.
Nesta ermida encontra-se um dos seis exemplares de tectos pintados com composições de perspectiva arquitectónica existentes no Algarve. A autoria é de um dos mais importantes artistas algarvios – Diogo de Sousa e Sarre, com oficina aberta em Loulé, mas que chegou a trabalhar noutras localidades, nomeadamente na fronteiriça cidade espanhola de Ayamonte e na vila alentejana de Castro Verde.
Em 1768 o tesoureiro da Confraria de Nossa Senhora da Piedade despendeu mais com madeira que se foi comprar a Faro para se forrar o tecto da Igreja de Nossa Senhora: 20$630 réis e no ano seguinte despendeu mais com Diogo de Sousa, pintor, de pintar o tecto da Igreja de Nossa Senhora e cimalhas e mais obra de pintura do arco da capela até à parede da porta principal: 112$000 réis.
Um interessante painel de azulejos de padrão ou de tapete percorre o lambrim desta ermida. A conclusão do assentamento ocorreu em 1652 (Arquivo Histórico Municipal de Loulé, Livro de Receita e Despesa de Nossa Senhora da Piedade).
As paredes laterais da capela-mor e da nave foram ornamentadas, nos finais do século XIX, com dez painéis de 1,50m x 2,86m pintados sobre estuque com cenas da Paixão de Cristo. Conforme a inscrição existente num deles, foi responsável por esta obra José Filipe Porfírio, pintor em Faro.
Convém referir que este profissional teve alguma afirmação na região algarvia. Para além do restauro da decoração que efectuou no Teatro Lettes em Faro, é da sua autoria uma tela da Paixão de Cristo existente na Igreja Matriz de São Pedro de Faro.
[A imagem de Nossa Senhora da Piedade] é de escultura de madeira e de perfeitíssima mão. É venerada e buscada esta santa imagem por milagrosa e por esta causa é a sua casa muito frequentada de romagens, assim de gente da terra como das circunvizinhas, que acodem à Senhora a pedir-lhe o remédio das suas necessidades e na fé com que se valem dos seus poderes conseguem os despachos de tudo o de que necessitam (Frei Agostinho de Santa Maria, Santuário Mariano, tomo VI, 1716, pp. 411 e 412).
Trata-se de uma imagem de vulto perfeito com 90cm x 40cm que se insere no formulário maneirista. Foi provavelmente executada por um imaginário farense nos finais do século XVI ou nos princípios do século XVII.

Lenda da Mãe Soberana

APL 2544
Vou contar a lenda da Mãe Soberana, aliás, ele há duas lendas sobre a mãe soberana, e qualquer uma delas são anteriores ao final do século dezasseis, se me recordo. E uma é portanto, havia uma donzela com cerca de quinze anos, que numa tarde ao ir colocar umas flores num altar que seus pais lhe tinham mandado edificar lá numa gruta, foi surpreendida por um fidalgo, que andava lá a ronda, que enamorado e endoidecido digamos, pela beleza daquela menina de quinze anos, pretendeu abusar dela, violentá-la. Contudo, esta miúda, resistindo, resistiu à força que o fidalgo tinha, pediu favorosamente ajuda à Virgem da Piedade. Ora, e aqui dá-se um milagre, porque a Virgem acudiu ao pedido da donzela, que saiu ilesa, e o fidalgo envergonhado, porque no fundo era uma pessoa conhecida no meio, meteu-se no convento e morreu frade, foi para frade e morreu lá no convento. Portanto, a fama que a santa, Virgem da Piedade, tinha já como milagreira, foi de tal ordem que tomou depois nome de Soberana, portanto, começaram a chamar-lhe Soberana, e passou então desde essa altura a ser idolatrada, portanto…e esta é efectivamente talvez a primeira que se conta da mãe Soberana.
Há uma outra que refere mais o milagre da questão da capela, em que, na altura, era, pretendia, os moradores, os habitantes do local, portanto a capela da Mãe Soberana pertence ao concelho de Loulé, e então pretendiam erigir a capela ou a igrejita no sítio da gruta, onde ela esta efectivamente, no início, só que os operários, portanto trabalhando durante o dia para erigir a capela deixavam à noite as ferramentas no local, iam para casa e no outro dia quando regressavam ficavam espantados ao verificarem que as ferramentas desapareciam do local onde as tinham deixado e apareciam no cume do serro. Ora, isto vezes, ou vá, durante várias vezes acabou no fundo por ser, por por ter uma única explicação, é que a santa não queria a capela no sítio da gruta mas queria a capela no cimo do serro, onde fosse vista, e efectivamente a capela foi erigida no cimo do serro. As ferramentas dos trabalhadores nunca mais desapareceram, porque eles deixavam-nas lá à noite e elas no dia seguinte de manhã estavam lá. E foi concluída já na segunda metade do século dezasseis. Portanto, estas são as duas lendas que se contam sobre as obras milagrosas da Virgem da Piedade, Mãe Soberana, que ainda lá existe, e que é uma grande festa.
FonteAA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
Ano2008
Local-, LOULÉ, FARO
ColectorAndreia Sopa (F)
InformanteJoão Sopa (M), 57 anos,
Narrativa
QuandoSéc. XVI,
CrençaInseguro/ N empenhado
Classificações
TiposChristiansen 7060 Disputed Site for a Church

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